‘Cosmic Soul’. Esse é o termo que desenhei após refletir a respeito do que teriam em comum os tantos gêneros musicais dos quais gosto (e sempre gostei) tanto. Fique de olho, de repente, esse pode ser o seu caso também.
‘Cosmic Soul’. Aplicado à House Music, você tem Fingers Inc. de Larry Heard. Ou então Virgo, de Adonis, Marshall Jefferson e Vince Lawrence: Avant-garde, futuristas, Soulful e brilhantes. Muito além de seu tempo. Aplicado ao Techno, você tem Rhythim Is Rhythim, Model 500, Underground Resistance ou Inner City – timbres inovadores, estética espacial, música feita com alma, ou seja, o que os pioneiros próprios convencionaram chamar de Hi-Tek-Soul. No Electro, você tem tantos outros exemplos, de Drexciya a Dopplereffekt, Japanese Telecom, Dynarec, Moebius-Plank-Neumeier, Ultradyne ou Cybotron. Já no Drum n’ Bass, você tem LTJ Bukem, toda a turma da Goodlooking, e é claro, o pessoal do 4 Hero. Isso sem contar a dupla Dev Pandya (Paradox) e Seba. E os exemplos não param. São inúmeros, incalculáveis.
Herbie Hancock é pioneiro na estética Cosmic Soul
Herbie Hancock, a Cosmic Soul pioneer
Quer mais? No Rock, Richard Pinhas (que fez obras eletrônicas de vanguarda), Manuel Göttsching (idem, a começar por ‘E2-E4’) ou Brian Eno (que do Roxy trilhou jornada única e se sagrou pai do Ambient). Ou todo o pessoal do Kraut Rock, vide Can, Neu!, e cia. Ltda.]
No Industrial, vocês encontrarão exemplos semelhantes, por mais que o gênero musical em questão seja diferente. Fazer música através da ‘anti-música’ não significa que não se possa ser vanguarda, calcado no futuro, e ao mesmo ter propósito artístico. Cosey Fanni Tutti e os seus parceiros do Throbbing Gristle (Chris Carter, Genesis Breyer P-Orridge, Peter Christopherson), ou o próprio Cabaret Voltaire, de Richard H. Kirk e Stephen Mallinder. Ou o Clock DVA. No Hip Hop, da mesma forma. Procure pelos artistas da Stones Throw Records, por exemplo.
Chick Corea também compôs obras sintétizadas incríveis
Chick Corea also brought synthetic masterpieces
Também não importa quando a música em questão foi feita. Pode ser atual, dos anos noventa, oitenta, sessenta, ou antes até. ‘Requiem‘, de György Ligeti, é profunda e revolucionária. E o mesmo vale para gêneros que não necessariamente pertencem ao universo da música eletrônica, como Jazz (com Herbie Hancock, George Duke e Chick Corea), Funk (George Clinton e Zapp) e Disco (Larry Levan e Dexter Wansel).
Kid Baltan inovou em pleno 1957 com a obra-prima eletrônica ‘Song Of The Second Moon’
Kid Baltan innovated back in 1957 with the early electronic masterpiece ‘Song Of The Second Moon’
Portanto, não se trata de origem social, cultural, nacional, nem de delimitação geográfica ou temporal. O artista pode ser de qualquer lugar do Mundo, pode ter sofrido as mais diversas influências, e produzir nos mais diversos gêneros, ontem e hoje. O que importa é aquela sensação de se estar em uma nave espacial e ao mesmo tempo saborear o teor artístico. Vibrar com o elemento humano, e ao mesmo tempo, sentir-se nos anéis de Saturno graças ao teor futurista. Afinal, tem que ser Cosmic, e Soul.
Se você também gosta desta perspectiva, confira (ou melhor, saboreie) alguns exemplos de Cosmic Soul abaixo.
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ENGLISH
‘Cosmic Soul’. An expression I found out after reasoning about so many music genres with elements in common, genres I like so much, and certainly not by accident. Keep an eye (or both ears) on it, it may be your case as well.
‘Cosmic Soul’. Applied to House Music, you have Fingers Inc. from Larry Heard. Or Virgo, by Adonis, Marshall Jefferson & Vince Lawrence: Avant-garde dance music, Soulful, brilliant. Ahead of their time. Applied to Techno, you’ll find Rhythim Is Rhythim, Model 500, Underground Resistance or Inner City – with innovative timbres, Science Fiction esthetic, Electronic Music made with Soul, concepts that were commonly described as Hi-Tek-Soul. On Electro, you have several other examples, from Drexciya to Dopplereffekt, Japanese Telecom, Dynarec, Moebius-Plank-Neumeier, Ultradyne or even Cybotron. On Drum n’ Bass, you’ll remind of LTJ Bukem, the people from Goodlooking, and of course, 4 Hero. Not to mention as well Dev Pandya (Paradox) and Seba. The examples are countless, literally. (Paradox) or
Want more? On Rock, you will find out about the guitarists Richard Pinhas (which also made avant-garde electronic masterpieces), Manuel Göttsching (author of the majestic ‘E2-E4’) and Brian Eno (that went from Roxy to a unique journey where he was baptized the Godfather of modern Ambient). You can add all the Kraut Rock icons, such as Can, Neu!, etc., which made history through seminal futuristic compositions.
Industrial and Electronic Body Music also got their representants, after all, as Throbbing Gristle would claim, ‘making music through ‘anti-music’ was a bold, ahead of its time concept. Cosey Fanni Tutti and her T.B. partners (Chris Carter, Genesis Breyer P-Orridge, Peter Christopherson) would lead this esthetic, as well as the experimentalist duo of Cabaret Voltaire (Richard H. Kirk & Stephen Mallinder). Clock DVA was another big example of music made with identity and focused on future.
On Hip Hop? You also have wonderful examples, starting from the talented artists from Stones Throw Records, or even J. Dilla, for example, which built a very diferent (and at the same time original) musical perspective.
It doesn’t matter when the Cosmic Soul music was made. It may be recent, or from the last decades, or even before you can imagine, like did the Electrosonics of Kid Baltan and Tom Dissevelt on the late fifties (will talk further about them soon). ‘Requiem‘ from György Ligeti was also profound and revolutionnary.
Artists from other genres, like the Jazz of Herbie Hancock, George Duke and Chick Corea, or the Funk from George Clinton & Zapp, or even the Disco of Larry Levan & Dexter Wansel were all Soulful and focused on new ideas and future.
This Cosmic Soul signature has no direct dependance on any social, cultural, national or other types of pre-concepts. It’s not related to any geography and it’s timeless: the Cosmic Soul art can be from anywhere, anytime, and it can be from the most different genres. What really counts is the sensation of being outwhere, somewhere else in the Universe, in the vast Space with the privilege of the artistic flavour. Somewhere you can vibrate with the human element, and at the same time, feel like you’re on another Galaxy. After all, it must be Cosmic, and Soul.
If you like this perspective, here are some other fine examples from anytime, anywhere:
Em ‘Theme From The Planets’ (1976), Dexter Wansel nos trouxe a Disco espacial
On ‘Theme From The Planets’ (1976), Dexter Wansel brought us the Future Disco
‘Can You Feel It’ do Mr. Fingers é o futuro em pleno ano de 1986, início da House Music
Mr. Fingers’ ‘Can You Feel It’ was the future back in 1986, the early days of House Music
‘Space Dust’ (1978 ) do Galactic Force Band fez parte da col. Ultimate Breaks & Beats e foi muito sampleada
Galactic Force Band’s ‘Space Dust’ was heavily sampled and later became part of ‘Ultimate Breaks & Beats’
Derrick May é um dos principais artistas do High Tech Soul, portanto, referência na estética ‘C.S.’
Derrick May is one of High Tech Soul primar names
Através da postura de engajamento e resistência, o Underground Resistance influenciou diversas gerações, dentro e fora da música
Through an attitude of engagement and resistance, the Underground Resistance artists influenced several generations (in and outside the music)
LTJ Bukem diferenciou-se dos demais ao abraçar incondicionalmente o ‘Cosmic Soul’ nos Breakbeats
LTJ Bukem had a strong personal signature through his ‘Cosmic Soul’ Breakbeats perspective
Focados em liberdade, futuro e improvisações, Weather Report pertence ao panteão do Cosmic Soul
Ministries of improvisation, liberty and avant-garde, Weather Report belongs to the Cosmic Soul pantheon
Quem disse que Europeu não consegue? Klaus Schulze arrepia no hipnótico ‘Time Actor’ (1979)
The Teutonics made it as well: Klaus Schulze rocks on the hypnotic ‘Time Actor’ (1979)
O Godfather Juan Atkins retrata as ondas perdidas no espaço sideral em ‘Info World’ (1990)
The Godfather of Techno Juan Atkins brought the Earth waves lost in Space on ‘Info World’ (1990)
Hino antológico ‘Los Ninos Del Parque’ (1981) do vanguardista e poliglota Liaisons Dangereuses
The timeless anthem’Liaisons Dangereuses – Los Ninos Del Parque’, from 1981, is another huge example
Ryuichi Sakamoto fez com que o Sol Nascente fosse visto até do outro lado do Planeta em ‘Riot In Lagos’ (1980)
Ryuichi Sakamoto brought all the attention to the other side of the Planet on ‘Riot In Lagos’ (1980)
Em ‘Neu! – Isi’ (1975), o Mundo viu que o Rock também podia ser Cósmico
Neu!’s ‘Isi’ (1975) proved that Rock could be Cosmic as well
A teoria dos Drexciyans de James Stinson (RIP) e Gerald Donald é um tanto maluca, porém fascinante………..
The Drexciyans theory may sound strange, but they are fascinating as well………..
J Dilla deixou sua marca eterna no Hip Hop com abordagem ground-breaking
J Dilla left his personal mark on his ground-breaking Hip Hop music
Augustus Pablo: gaita futurista e timbres sintéticos, um dos ícones do Dub de vanguarda
The Dub of Augustus Pablo couldn’t be out of this list with its heavy bass, delays and future timbres
Richard James e sua Rephlex também deixaram sua marca diversas vezes, a começar por ‘On’ (1993)
Richard James and his Rephlex got their place as well, starting with ‘On’ (1993)
O Cosmic Soul continua forte nos anos 2000 através de nomes como Vince Watson
The contemporary Cosmic Soul is still strong through names like Vince Watson
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